sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma obrigação

É nosso dever moral, e obrigação, desobedecer a uma lei injusta. (Martin Luther King)

Há tantos gatos e gatinhas dando sopa por aí

No fim da década de 1730, em Paris, na rua Saint-Severin, na gráfica de Jacques Vincent, ocorreu  um sedicioso massacre de gatos realizado por aprendizes gráficos, os quais viviam num quarto sujo e gelado; levantavam-se antes do amanhecer; executavam tarefas o dia inteiro; recebiam maus-tratos do patrão (mestre) e insultos dos oficiais (assalariados); não podiam dormir à noite com o barulho dos gatos bem-tratados e bem-alimentados pelos seus patrões burgueses.
Armados com cabos de vassoura, barras de impressoras e ajudados pelos assalariados, mataram todos os gatos que conseguiram encontrar, a começar pela gata de estimação da patroa. Em seguida, atiraram os gatos mortos no pátio da gráfica, fingiram executar um julgamento e penduraram os corpos mutilados dos culpados em forcas improvisadas.

A importância de se usar tamanco

Sabotagem. A palavra deriva da francesa sabot, "tamanco" em português. Os operários, responsabilizando as máquinas por sua situação miserável, enfiavam seus tamancos em meio às engrenagens, interrompendo a produção e danificando os equipamentos. Inglaterra, início do século XIX.

Eu sou o Papa.


Bertrand Russell estava discutindo instruções condicionais e sustentando que uma declaração falsa implica tudo e qualquer coisa. Um filósofo cético questionou ele, "Você quer dizer que, se 2 + 2 = 5, então você é o Papa?" Russell respondeu afirmativamente e forneceu a seguinte "prova" divertida:
"Se estamos assumindo que 2 + 2 = 5, então certamente você vai concordar que subtrair 2 de cada lado da equação nos dá 2 = 3. Transposição, temos 3 = 2, e subtraindo 1 de cada lado da equação nos dá 2 = 1. Assim, uma vez que o Papa e eu somos duas pessoas e 2 = 1, então o Papa e eu somos um. Por isso eu sou o Papa. "

Armadilhas da linguagem

A linguagem prepara para todo mundo as mesmas armadilhas; ela é uma imensa rede de fáceis desvios errados. E assim assistimos um homem após outro andando pelos mesmos caminhos e sabemos com antecedência onde ele irá desviar para fora, onde caminhará reto sem notar o desvio lateral etc. etc. O que eu tenho que fazer então é erguer sinais de trânsito em todas as funções onde há desvios errados de modo a auxiliar as pessoas a passar pelos pontos perigosos.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Cultura e valores. Tradução Jônadas Techio. Disponível em: <http://jonadas.blogspot.com>.
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Esse parágrafo eu considero como tendo sido otimamente elaborado, pois ele explica e exemplifica o que são as armadilhas linguagem. É inteligente.
Wittgenstein foi um cara memorável. Ele lançou o livro Tractatus Logico-Philosophicus com a hipótese de que a linguagem poderia ser traduzida matematicamente, em equações algébricas mesmo. Ele foi super aclamado, estava no auge da carreira (século XX, bem ali). De repente larga tudo e se torna porteiro do seu prédio. Algum tempo depois ele lança um outro livro, Investigações Filosóficas, dizendo na primeira página que o leitor, caso tenha lido seu primeiro livro, esquecesse tudo, desconsiderando a teoria, pois que ela estava totalmente errada. E o livro seguia dizendo tudo ao contrário do que ele havia dito antes. Foi um grande filósofo, morreu em 1951 aos 62 anos.

A preguiça grita

Tudo começou na Revolução Industrial, fim do século XVIII, início do século XIX. Nessa época o crescimento e o desenvolvimento vivenciado pelos seres humanos foi estrondoso. Quando todos mal piscaram os olhos, a Inglaterra estava na dianteira, seguindo um dos piores sistemas criado pelo ser humano: o capitalismo. O crescimento só não foi maior que o ocorrido com o surgimento da agricultura, há 10 milênios antes. Desde então, o mundo não parou nem desacelerou, pelo contrário, ficou tudo mais rápido. O último século teve tantas mudanças e tão rápidas que é de se tontear só de imaginar.
Em contraste a isso tudo, vem a minha geração, essa última geração, de jovens preguiçosos, rebeldes, preguiçosos e vidrados na internet. Qual o mal da preguiça? Esse último século teve muitos avanços a um preço altíssimo: a destruição da natureza, o esgotamento do planeta. Se você concordar comigo, será um leitor atento aos fatos, mas mesmo que você não concorde comigo, ainda assim você será um leitor prudente. Eu não me importo. Eu talvez não mude sua cabeça. Certamente você já ouviu dizer que estamos na 3ª fase da Revolução Industrial e ainda nem atingimos o ápice dela. Imagine! Se só com o que já fizemos temos previsões chocantes para daqui a 20/30 anos, quando atingirmos o ápice da Revolução estaremos vivendo como? O que restará destruir? E quem sai perdendo, na verdade, é apenas a humanidade, pois o planeta já foi uma bola de fogo sem vida, passando por eras de gelo, aquecimento e resfriamento global. A existência humana é só um dia - um triste dia - no calendário histórico do planeta, pois a Terra se recuperará. Nós, não. A humanidade pode se incluir na lista de espécies ameaçadas de extinção.
Mas enfim, o que tem a ver a preguiça dos adolescentes? Eles são a salvação do futuro. Vamos frear esse desenvolvimento desenfreado. Basta!
O final da Segunda Guerra foi muito trágico, quem venceu aquela guerra foi alguém muito pior que Hitler: os Estados Unidos. Que tipo de herói é esse que se aproveita da tragédia alheia pra enriquecer e se destacar? Vender armas para manter a guerra? Covarde o bastante para jogar duas, DUAS bombas atômicas em cima de um monte de civis que nem queriam aquela guerra? Isso não é heroísmo.
Por isso, e apenas por isso, eu tenho tanta preguiça.