quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Pois que hoje senti uma pitada de liberdade

e não quis lhe beijar. Ainda que lhe visse, que lhe tivesse ao meu lado, que me pedisse ou implorasse pelo meu beijo, não quis. É desilusão talvez, mágoa quiçá, pois que hoje ainda sinto paixão por você. Mas como amar alguém que não me dá liberdade? Amo mais minha liberdade que você. Só por hoje não quis lhe beijar.
Hoje a lua é minguante.
Igualdade, sine qua non da liberdade.

Porra, capital.

No sistema capitalista há proprietários (os exploradores) e não-proprietários (os explorados). Os exploradores exploram a mais-valia produzida pelos explorados, quer dizer, o salário dos explorados é pago em pouquíssimos dias de trabalho, enquanto todos os outros dias de trabalho servem para produzir um lucro exorbitante para o explorador. No fim, a finalidade do trabalho do explorado é produzir o lucro exorbitante para o explorador, o salário que recebe serve apenas para que ele se mantenha escravo ao emprego. O pior crime do capitalismo, no entanto, é o desemprego, ou seja, é privar às pessoas os meios de se sustentar, de sobreviver. Porque, ora, qualquer um pode trabalhar e produzir para seu sustento, mas o sistema capitalista apropria-se do trabalho de tal forma que só sobrevive quem tenha algum explorador para lhe pagar pelo trabalho. É como se o importante fosse o salário, e não o trabalho.

Vejamos o Restaurante Universitário, ou RU simplesmente, da UFG. As refeições são servidas em bandejas por estagiárias e não há opções variadas, enquanto do lado temos o Restaurante Executivo, ou RE simplesmente, que pertence à mesma empresa responsável pelo RU, a Real Food, e que oferece várias opções de refeição, de feijão e arroz bem cozidos (e não duros), e em pratos de vidro.
Por que isso ocorre? Como o RU deve ser acessível a todos os estudantes, a refeição é ofertada por R$3,00 apenas. Se a Real Food oferecesse várias opções de alimentos, pratos etc., o preço saíria por mais de R$3,00. Então é justo que a comida ofertada seja assim, como é hoje? Não. Não seria muito mais justo que todos os alunos da universidade pudessem ter acesso a comida de qualidade, várias opções, servirem-se do quanto quiserem etc.? Sim! Mas não é assim porque a comida deve ser a mais barata possível para que seja acessível a todos e, sob esse pretexto, as refeições são aceitas da forma como são ofertadas hoje. Então, afinal, a justiça não é feita porque o sistema impede! Vê como o sistema, capitalista, aliena as pessoas de uma forma que as faz acreditar que a injustiça é mais justa? Como o sistema aprisiona o povo à miséria, como sucateia o público para que o privado seja melhor e, então, mais procurado para que o lucro seja maior?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

- Você acha justo o governo tirar uma parte do seu salário supostamente para melhorias para a população, quando você podia estar juntando o dinheiro pra comprar um carro?

Não, não acho, mas apenas porque temos a garantia de que esse dinheiro, mesmo se revestido em obras e ações para a população, nunca se converterá verdadeiramente em melhorias. Mas, se se convertessem, eu teria prazer! Comprar um carro é mais importante do que ajudar a oferecer saúde gratuita e de qualidade para o povo? Não.

L I B E R D A D E

O que a afasta de nós?
  • o medo. Convém que percebamos que ter medo simplesmente não faz sentido, para que nos libertemos dessa cultura do medo.
  • preconceitos. Não se nasce preconceituoso, torna-se. Se temos preconceito, é porque somos alienados.
  • capitalismo, sistema cuja ideologia alienante expropria-nos do que é por justiça nosso, obrigando-nos a sermos escravos.
  • egoísmo. A liberdade do outro é uma extensão da minha, não pode haver uma pessoa livre enquanto tantas não forem também. Logo, pensar somente em si, sem altruísmo, é uma forma de fazer-se acreditar que todos têm oportunidades iguais e que não precisamos uns dos outros. É privarmo-nos de nossa liberdade.

domingo, 20 de outubro de 2013

Meia felicidade infeliz

Até ontem tinha cardiomiócitos, mas hoje são células parietais e produzem o ácido mais corrosivo que corrói meu coração por dentro. O fel mais amargo produzido no fígado está armazenado em cada célula do meu coração. Mas ele cai na minha corrente sanguínea e se espalha pelo meu corpo todo. Sinto esse sabor de não sei na alma. Meus lábios, já secos, racham. Meu coração, frio, bate forte demais tentando se recompor, tentando te buscar. Cada batida é um passo que meu coração dá na corrida atrás do seu, ou seja, atrás da felicidade. Mas não sei o que é felicidade pra você, ou se você já é feliz apenas do jeito que estamos. Vamos conversar! (?)
Quando eu te ver nada disso vai ter importância. Será só felicidade. Comunhão de almas completa, sem medo. Sentiremo-nos tão bem que sorrisos não sairão dos nossos lábios. O que é seco, se tornará úmido, o que é gélido, se tornará quente. O que é rachado, se tornará unido, o que é lonjura, se tornará integralidade. E os corações nossos baterão mais lentos, de tanta felicidade, de tanto amor, de tanta paz, enfim.
Mas, e depois? E quando a lonjura voltar? Será como antes? Será por quanto tempo assim?